quinta-feira, 28 de março de 2024

13º Capítulo - Domingo, 20 de março de 2005

13º Capítulo 

Guangzhou, Domingo, 20 de março de 2005

Curioso. É Domingo e Guangzhou tem exactamente o mesmo turbilhão de pessoas que qualquer outro dia da semana. Gente, gente, gente até mais não. Nos cruzamentos principais da cidade junto aos semáforos e às passadeiras de peões, existe uma figura que eu nunca vi em qualquer outro lugar. É meio polícia, meio assistente de tráfego humano, exclusivo para passadeiras. Na China assistimos a “enxames” de gente a atravessá-las quando o sinal verde abre para os peões. No que toca a atravessar a rua, os chineses são um bocado indisciplinados pelo que existe a necessidade de controlar a “manada” no seu ímpeto. A função destes polícias, que têm uma vara branca e vermelha tipo bengala antiga do ceguinho com cerca de dois metros, é conter a corrente humana quando o sinal está vermelho para os peões e abri-la quando é seguro faze-lo. Tipo cancela da passagem de nível.

Na China as bicicletas são uma constante. À semelhança do automóvel que origina um trânsito caótico, a bicicleta é também uma forma popular de vencer distâncias. São aos milhões por todo o lado, quer seja na estrada, nas passadeiras ou no passeio. Existe uma nova versão (em 2005 eram total novidade). Têm motor eléctrico auxiliar e andam também nos passeios, a uma velocidade superior às convencionais e pregaram-me um “cagaço” tremendo. Indo eu a pé muito descansado no passeio, na hora de mudar de direcção avancei para onde pretendia ir sem olhar para o “retrovisor” nem assinalar essa mudança de direção. Na China e nos passeios, os peões têm mesmo que olhar antes de virarem. Lá vinha a bicicleta com motor eléctrico auxiliar a alta velocidade e ainda roçou na pasta que eu transportava, mas sem consequências de maior. E ainda por cima ralhou. Fui, de novo, para o recinto da feira. Fiquei a mal com os taxistas pelo sucedido na véspera, pelo que aproveitei o metro para lá chegar. Bom e barato. Cheguei a horas decentes e entrei numa outra área que não tinha tido oportunidade de visitar no dia anterior. Desta não fui barrado pelos indígenas perfilados à porta, fardados e com cara de mau. Mais uma vez deparei-me com móveis e sofás fabricados na China e vendidos em Portugal por empresas de renome e a “preços da uva mijona”. Espectáculo. Mais do mesmo. Montes de catálogos, preços, condições de aquisição, condições de transporte, etc, etc, etc.

Ao fechar da porta a mesma situação dos taxistas. Um manguito mental a tais personagens. Metro até ao centro, junto ao hotel Guangdong. 

A ida ao cabeleireiro é viciante. A minha droga. Até dá para adormecer, tipo bebé, na cadeira do salão. Se forem à China e virem dois cilindros na vertical, com barras às cores em espiral, um de cada lado da porta de entrada, estarão em frente a um dos sítios mais espectaculares que poderão visitar. Sentados na cadeira e serem massajados até às orelhas, é obra. Até arrepia. Recomposto, é hora de jantar. Optei pelos restaurantes com peixe vivo à porta. O peixe cozido no vapor, as lulas grelhadas, as vieras no vapor, os legumes no “Wok”, divinal. Tudo espectacular, quase tudo, porque café é desconhecido. Ainda tentei, mas travei a tempo, antevendo um galão chinês “Caffée”. Rua. Caminhar precisa-se. Andar e ver onde há café. Tinham-me dito que havia “Starbucks” na China pelo que me resolvi a descobrir um destes antros da cafeína em Guangzhou. Dirigi-me para as ruas centrais da cidade, onde tradicionalmente se podem encontrar este tipo de lojas. Não encontrei nenhum “Starbucks” mas encontrei uma “cafetaria” na zona da mesquita, frequentado por muçulmanos africanos. É desta. Vi chávenas nas mesas com bom aspecto. Dirigi-me ao balcão e bingo. Lá estava a máquina expresso, com chávenas em cima, prontinha para soprar água quente canalizada e filtrada através das partículas castanhas do café prontas a cair dentro de um recipiente redondo previamente aquecido. Brutal. Não falha. Desta vai mesmo. Era impossível não haver um café expresso em Guangzhou. Cá está, é para hoje, chávena pequena, meio cheio ou meio vazio tanto faz, com creme castanho, a fumegar, cheiroso, quentinho, aveludado, odorífero, perfumado. UÁU!!!  Eureka!!! Parecia, de facto, café. E era, quer dizer, era quase. Era um parente afastado do café. Talvez um primo em sétimo grau, aparentado. Não sei se era da moagem, da qualidade da mistela, da qualidade da água ou simplesmente da habilidade do funcionário. Amargava que se fartava. Seria chicória chinesa? Ou rama de coco torrada? Na volta era soja transformada em café. Esses chineses copiam tudo, pá!!! Brrrrrrrrrrrrrrrrrr! Nhac! Até arrepiou. Ainda não foi desta que consegui um simples café expresso.

 

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